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quinta-feira, 26 de abril de 2012

O VALOR DA VERDADE


     Senhora, algumas vezes eu coloquei a mim mesmo uma dúvida: saber se é melhor estar alegre e contente, imaginando que os bens que possuímos são maiores e mais estimáveis do que eles são e ignorando os que faltam, ou não parando para considerá-los, ou se é melhor ter mais consideração e saber; para conhecer o justo valor de uns e de outros, e com isso tornar-se mais triste. Se eu pensasse que o soberano bem fosse a alegria, eu nunca duvidaria de que deveríamos dedicar-nos a tornarmo-nos alegres a qualquer preço, e eu aprovaria a brutalidade daqueles que afogam suas mágoas no vinho ou as atordoam com o fumo. Mas eu distingo entre o soberano bem, que consiste no exercício da virtude [...] e a satisfação do espírito que acompanha essa posse. É por isso que é uma maior perfeição conhecer a verdade, mesmo que desvantajosa a nós, que ignorá-la, e eu confesso que é melhor estar menos alegre e ter mais conhecimento.

                                                       DESCARTES, R. Carta a Elizabeth, de 6 de outubro de 1645.

   



        A verdade e o conhecimento são preciosos bens, que na sociedade ocidental antiga e atual tem sido deturpados. Não acredito que toda a verdade deva ser escancarada, mas mediada e colocada adequadamente. Vivemos aqui na selva de pedra, lutando constantemente entre nós, e quando conseguimos a verdade, sofremos com suas setas doloridas. Mas ainda acredito no exercício da virtude e quero tentar praticá-la mesmo em meio aos meu erros e rancores. Pretendo deixar o perdão se manifestar e se existe algum amor ao próximo o deixar aflorar. Será que esse ainda é o melhor caminho? Mesmo entre a grande dor da injustiça? Deixo a questão.

Luciana



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